segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Coragem
Conversei ontem com o amigo Zé Emídio e ele me informou que está dando andamento aos preparativos para uma ação que vai empreender na justiça contra os responsáveis por algumas denúncias realizadas contra ele (Zé Emídio) num programa de Rádio (não sei se é da Prefeitura ou do Prefeito) mossoroense.
Se ele levar adiante, será uma das primeiras e verdadeiras demonstrações de coragem e respeito para consigo mesmo, que presenciei na nossa política desde 2004.

Armageddon
Assisti ontem ao filme Armagedon, exibido em temperatura máxima, na rede globo. O longa é bem igual a maior parte dos filmes de ficção americanos, não foge à regra. O que merece destaque no filme são as imagens de congraçamento e irmandade entre todos os povos do mundo. Mesmo sabendo que nada do que é mostrado (felizmente) não é verdade, dá um nó na garganta e um frio no estômago, em ver um mundo onde não há diferenças, onde todos, sem distinção de raça, cor, nacionalidade, credo ou posição social estão unidos em prol de um ideal, que no caso do filme é destruir o asteróide que colidiria com o planeta.
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Outra variável digna de nota no filme é a sua trilha sonora, que tem a maravilhosa "I don't want to miss a thing" do Aerosmith. O vocalista do grupo, o cantor Steven Tyler é o pai da atriz Liv Tyller que protagonizou a filha de Bruce Willis no filme.

Vestibular
O resultado do vestibular 2008.1 da UFERSA será divulgado até o dia 15.01.2008. Alguns gabaritos sofreram revisões.

Vestibular 2
Parabéns ao amigo Fred que passou no vestibular da UFRN para o curso de Farmácia. Ele já tinha conseguido êxito ano passado, na mesma universidade para o curso de Engenharia Civil. No meio do ano de 2007 ele tentou Engenharia de Produção na UFERSA e passou, desde então estudava em Mossoró.

Para refletir
Publico a carta que o Deputado Ciro Gomes enviou a atriz Letícia Sabatela, pelo seu pretenso apoio e visita ao Bispo Cappio, que fez greve de fome, contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. A carta é um libelo à consciência dos sulistas sobre a realidade daqui de baixo.

Carta do deputado Federal Ciro Gomes à atriz Letícia Sabatella publicada no O Globo - 20/12/2007

Letícia, ando meio quieto por estes tempos, mas, ao ver você visitando o bispo em greve de fome no interior da Bahia, pensei que você deveria considerar algumas informações e reflexões. Poderia começar lhe falando de República, democracia, personalismo, messianismo... Mas, sendo você a pessoa especial que é, desnecessário. O projeto de integração de bacias do
rio São Francisco aos rios secos do Nordeste setentrional atingiu, depois de muitos debates e alguns aperfeiçoamentos, uma forma em que é possível afirmar que, ao beneficiar 12 milhões de pessoas da região mais pobre do país, não prejudicará rigorosamente nenhuma pessoa, qualquer que seja o ponto de vista que se queira considerar.

Séria e bem intencionada como você é, Letícia, além de grande artista, peço-lhe paciência para ler os seguintes números: o rio São Francisco tem uma vazão média de 3.850 metros cúbicos por segundo (!) e sua vazão mínima é de 1.850 metros cúbicos por segundo (!). Isto mesmo, a cada segundo de relógio, o Rio despeja no mar este imenso volume de água.
O projeto de integração de bacia, equivocadamente chamado de transposição, pretende retirar do Rio no máximo 63 metros cúbicos por segundo. Na verdade, só se retirará este volume se o rio estiver botando uma cheia, o que acontece numa média de cada cinco anos. Este pequeno volume é suficiente para garantia do abastecimento humano de 12 milhões de pessoas.
O rio tem sido agredido há 500 anos. Só agora começou o programa de sua revitalização, e é o único rio brasileiro com um programa como este graças ao pacto político necessário para viabilizar o projeto de integração. No semi-árido do Nordeste setentrional, onde fui criado, a disponibilidade segura de água hoje é de apenas cerca de 550 metros cúbicos por pessoa,
por ano (!). E a sustentabilidade da vida humana pelos padrões da ONU é de que cada ser humano precisa de, no mínimo, 1.500 metros cúbicos de água por ano. Nosso povo lá, portanto, dispõe de apenas um terço da quantidade de água mínima necessária para sobreviver.

Não por acaso, creia, Letícia, é nesta região o endereço de origem de milhões de famílias partidas pela migração. Converse com os garçons, serventes de pedreiros ou com a maioria dos favelados do Rio e de São Paulo. Eles lhe darão testemunhos muito mais comoventes que o meu. Tudo que estou lhe dizendo foi apurado em 4 anos de debates populares e discussões técnicas. Só na CNBB fui duas vezes debater o projeto. Apesar
de convidado especialmente, o bispo Cappio não foi. Noutro debate por ele solicitado, depois da primeira greve de fome, no palácio do Planalto, ele também não foi. E, numa audiência com o presidente Lula, ele foi, mas disse ao presidente, depois de eu ter apresentado o projeto por mais de uma hora (ele calado o tempo inteiro), que não estava interessado em discutir o projeto, mas "um plano completo para o semi-árido".

As coisas em relação a este assunto estão assim: muitos milhões de pessoas no semi-árido (vá lá ver agora o auge da estiagem) desejam ardorosamente este projeto,esperam por ele há séculos. Alguns poucos milhões concentrados nos estados ribeirinhos ao Rio não o querem. A maioria de muitos milhões de brasileiros fora da região está entre a perplexidade e a desinformação pura e simples. Como se deve proceder numa democracia republicana num caso como este? O conflito de interesses é inerente a uma
sociedade tão brutalmente desigual quanto a nossa. Só o amor aos ritos democráticos, a compaixão genuína para entender e respeitar as demandas de todos e procurar equacioná-las com inteligência, respeito, tolerância, diálogo e respeito às instituições coletivas nos salvarão da selvageria que já é grande demais entre nós. Por mais nobres que sejam seus motivos - e são, no mínimo, equivocados -, o bispo Cappio não tem direito de fazer a Nação de refém de sua ameaça de suicídio. Qualquer vida é preciosa demais para ser usada como termo autoritário, personalista e messiânico de constrangimento à República e a suas legítimas instituições.

Proponho a você, se posso, Letícia: vá ao bispo Cappio, rogue a ele que suspenda seu ato unilateral e que venha, ou mande aquele que lhe aconselha no assunto, fazer um debate num local público do Rio ou de São Paulo. Imagine se um bispo a favor do projeto resolver entrar em greve de fome exigindo a pronta realização do projeto. Quem nós escolheríamos para morrer? Isto evidencia a necessidade urgente deste debate fraterno e respeitoso. Manda um abraço para os extraordinários e queridos Osmar Prado e Wagner Moura e, por favor, partilhe com eles esta cartinha. Patrícia tem meus telefones. Um beijo fraterno do Ciro Gomes.

Ciro Gomes é deputado federal (PSB-CE) e foi ministro da Integração Nacional

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